domingo, 15 de janeiro de 2012

A apresentação do blogueiro.

          A idéia deste projeto é antiga. Há vinte anos enviei através do Capelão militar da Fortaleza São João, um esboço do projeto para a então governadora do Rio, Rosinha Garotinho. Não tive nenhuma resposta. Mas passado alguns meses, ela lançou um projeto idêntico, que recolhia moradores de rua durante a noite para alimenta-los, abriga-los e cadastra-los. Quase igual ao meu projeto, pois havia sempre vários fotógrafos e reportagem de tv, e não cuidava do detalhe mais importante, a vontade do cidadão assistido.                  
          O meu projeto visava ajudar o cidadão carente e orientá-lo dentro das suas pretensões, não obrigá-lo a nada. Cada um vive como quer, eu entraria apenas com uma equipe de apoio: Refeições, dentista,  advogado, assistente social, barbeiro, chuveiro e roupas limpas para todos. Uma cuidadosa triagem poderia ser realizada estudando cada caso, não apenas para fazer estatística. Seria um trabalho de apoio e introdução, para se pensar na aplicação de possíveis medidas assistenciais, caso a caso. Simples, não ?
Simples e barato. As refeições poderiam ser feitas com as sobras do CEASA, pesquisei o assunto. Supermercados e Frigoríficos poderiam colaborar com doações de carne, e por fim se o governo quisesse poderia assumir o comando. Eu seria apenas o idealizador anônimo, distante e feliz. Afinal tinha a minha vida para tocar e desfrutar. Mas o que aconteceu ? Nada. Pelo menos naquele ano. Depois, abriram os restaurantes populares, as sobras do CEASA passaram a ser distribuídas para as favelas próximas, etc...
E os moradores de rua, como ficaram ? Não ficaram. O programa de assistência noturna da governadora Rosinha foi interrompido, dava muito trabalho e pouco ibope.
E o tempo passou. Durante os anos da faculdade noturna que frequentei, todos os dias eu passava pelo centro da cidade à pé e via a miséria espalhada pelas calçadas. Prometi a mim mesmo que um dia eu faria alguma coisa. Alguma vezes voltei de casa com sanduiches e distribui para alguns que eu percebia estarem mais famintos. Algumas vezes chorei olhando pela janela do meu apartamento luxuoso.
Voltei a carga, comecei a falar pra todo mundo que eu queria apenas um local, uma casa velha emprestada, o resto eu faria. Me alertaram: "A vizinhança não vai gostar de um monte de mendigos por perto". E a vida me levou. Hoje, passados alguns anos, me sobra um tempinho e volto a pensar naquelas pessoas que dormiam na chuva ao som dos carrões apressados e penso em tocar essa velha idéia adiante. Vou procurar as autoridades, quero uma casa no centro da cidade para instalar meu projeto, emprestada, doada, não importa, o pior que pode me acontecer é levar vários "chá de cadeira" e um sonoro NÃO. Tô nem aí, eu vou fazer a minha parte. Não gosto de depender de ajuda oficial, geralmente ela traz ônus desagradáveis, mas o desabrigado noturno precisa ter um local seguro para pernoitar, sem levar chuva ou ser incendiado. Posso fazer isso com a ajuda de pessoas comuns, comerciantes, empresários, e outros que não pretendam medalhas. Entendo como uma obrigação ajudar o próximo, não por caridade, sendo inclusive um ato de inteligência, pois precisamos andar nas ruas. No mais, continuem blogando, preciso muitíssimo da participação de todos, pois o blog é a referência da aceitação dessa idéia. Está mais do que na hora de uma movimentação coletiva. Está na hora de divulgar para todos que uma mudança na postura e educação de um povo, depende exclusivamente dos seus cidadãos, num engajamento para desemperrar a engrenagem enferrujada da cidadania para os pobres ou dos ignorantes dos seus direitos.
A todos muito obrigado, me ajudem divulgando o blog. Muito em breve iniciarei as ações de rua e explicarei onde, quando e como os interessados poderão participar ativamente, metendo a mão na graxa.



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